O céu amarelo já anunciava a tempestade mesmo antes de me deitar. Adormeci nesse filtro de luz, todo o mundo de castanho sépia, as únicas aves circulando no ar... Corvos, anunciando um poder apolónico irresistível. Nesse dia não houve horas, nem minutos, e o escurecer do sol não impediu que o céu continuasse assim, violento e perturbador.
Categoria: Caderno
Primavera no Moinho
A primeira coisa que vi quando abri os olhos foi a sua face adormecida. A pele morena, a barba mal feita, como se há muito ele trabalhasse sob o duro sol da tarde. Mas eu sabia, ao contrário dele, que aquela era a primeira vez que estávamos a acordar.
Nascer
A noite começa a clarear e eu subo para o topo da gruta, rocha granítica e pesada. Os meus pés são velhos e calosos e, por isso, sustêm-se de forma elástica apesar da minha idade. Isto que acaba de acontecer, isto já aconteceu muitas vezes.
Parir um Fósforo
Com esse vestido que me faz gorda As pernas não depiladas A celulite a cair em bocados pelo cu abaixo Ancas flácidas a deixar pespontar a ridícula cueca Vou parir Vou parir fósforos, vou parir actores, vou parir folhas de papel Primípara que sou, Sem treino de respiração Respiro de forma tão errada que qualquer … Continuar a ler Parir um Fósforo
Concurso de Arte – Lareira
Tema proposto por Refúgio da Bruxaria. Uma lareira acende-se com uma pinha bem seca. Não das verdes, mas das outras, as secas e estaladiças. Caso a pinha esteja húmida ou não seja adequada devemos providenciar uma acendalha. Colocamos a acendalha por baixo de uma estrutura piramidal, que se constrói com um tronco de pinheiro ou … Continuar a ler Concurso de Arte – Lareira